É sempre difícil viver em sociedade e agradar a todos os padrões mas partilhar o mesmo espaço, ainda que dividido apenas por paredes, não se revela tarefa fácil. Vivi 26 anos numa casa na aldeia em que os vizinhos ficam a 20 ou 30 metros de distância e, apesar de se meterem na vidinha de todos, não se queixavam de portas a bater, nem barulho de saltos. Os únicos a se queixar eram os residentes, denominada de família, e educação à parte, quem não gostava que se mudasse, o que era mais ou menos dizer que não valia de grande coisa.
Claro que quando me mudei para um apartamento para uma cidade tinha a noção que certos hábitos teriam de ser repensados e ainda hoje faço de tudo para não incomodar. Não digo que não haja momentos em que faça um pouco mais de barulho, mas não é intencional.
Pois bem, ultimamente tem-se acumulado recadinhos no quadro de entrada dirigidos constantemente à minha fracção. Se no início até lhes podia ter dado razão, com o tempo fui aperfeiçoando a arte do siliêncio e agora recuso-me a arcar com todas as culpas. Realmente à noite oiço barulho de tacões ou sapatos que fazem barulho, mas isto até à meia-noite, uma da manhã. Mais não sei porque mal deito na cama, adormeço logo, daí não me queixar mais.
Ora as pessoas lá me viram sempre de saltos altos e acham que eu gosto de prolongar o sofrimento noite adentro sempre com tacões. Ou então acharam que eu dava um bom bode expiatório para mandar recadinhos à pessoa certa.
Aguentei os recadinhos e como não servia a carapuça o melhor era não e pronunciar mas tantas vezes o cântaro vai à fonte que acaba por cair.
Domingo foi a gota de água e perante a insistência, decidi exercer o meu direito de defesa e lá coloquei um memorando, escrito no computador, sim não quero que se venham queixar que não compreendem o que lá está escrito, com letras bem gordas para chamar a atenção de quem de direito e até ao momento não obtive qualquer tipo de resposta.
Compreendo a insatisfação das pessoas porque quando chegam a casa querem ter paz e sossego mas quanto a acusar indiscriminadamente nisso já não posso concordar.
E como esta outras situações, o quadro mais parece o muro das lamentações, só falta agora colocar lá que estão insatisfeitas com o marido, com o trabalho e com a vida.
Santa paciência...
Reclamar sim, é de direito mas apontar o dedo ao primeiro que aparece não é justo...
Mais uma pessoa que detesta os vizinhos =P
ResponderEliminarTambém escrevi sobre isso recentemente...